terça-feira, 29 de março de 2011

De volta

Quem queres tu ser? A musa? Apenas tu me pões na vertigem da poesia. Alimento do olhar reflectido na retina da alma, depois no aperto da bomba vermelha de sangue vivo por ti. Ele nada me diz. Acotovela e dá caneladas para me mostrar que sinto. Não podias antes ocasionalmente segredar o que já sei? Diz-me então sem medo: se o coração é um quarto vazio, porque no escuro reluzente da paixão,sorvemos avidamente a saliva de cada um? As palavras oferecidas, os afiados gemidos pela pele dentro até ao centro da carne. Parimos o amor feito bloco de imaculada mármore e passamos os dias a esculpir as curvas dos passos de volta a ti e a mim. O caminho é largo, mas sentimo-lo como berma da falésia.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Aventura da vida

Longas esperas como sessões
de tortura em salas obscuras e húmidas.
Havia que agarrar algo, uma luz,
uma qualquer distorcida esperança.
Enfim...
O momento transformou-se por fim em ouro,
na esquecida alquimia do sentir.
Não me desviarei do meu caminho,
ou trocarei meu brilho interior.

Sim, és agora e sinto a tua carícia,
mas nada me peças em troca.
Quero a inocência inquebrável
de desbravar as sensações, os sentidos.

Neste querer, nada peço.
Dou-me como pão para o esfomeado,
como vinho para o descrente.
Neste querer de me dar,
abraço a aventura de viver.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estrada

O que recordo é o momento do renascimento, relâmpago lento de mel, lágrima feliz da nuvem sonhada infância. Caminho de mãos dadas contigo, estrada por benevolentes sons. Algures, sei como sabe o sentir dentro, como o teu olhar diz também. Está um tempo virgem para nós e já lá estamos. Em casa. Na distância, o relâmpago, faz-nos sorrir.