quarta-feira, 23 de abril de 2014

Alguém




Há por aí alguém que saiba de facto o que é e pratique o conceito de espalhar paz e tranquilidade pelas pessoas com quem priva? Que seja adepta da frontalidade, que diga uma coisa e essa coisa seja o reflexo do que realmente sente e pensa? Que não fale unicamente de si e saiba reconhecer que o seu interlocutor também tem uma vida e histórias para contar. Alguém com quem uma pessoa se possa sentir perfeitamente descontraída e que se dê na igual medida em que aceita receber. Que seja inteligente, mas não pontifique, que não disfarce a falta de intelecto com porcaria e mexericos e... os seus próprios conflitos? Alguém que seja de facto bonito por dentro? Beleza não é algo subjectivo. A beleza de que falo tem a ver com constância, com coerência no ser e no estar na progressão dos dias. Alguém que nos faça sentir bem, mesmo quando estamos longe dessa pessoa. Alguém que saiba o valor e o peso da responsabilidade de nos ter cativado. A beleza de não mentir, de não omitir, de não ficcionar a própria vida e circunstâncias de modo a manipular outros, com meias mentiras e meias verdades. Uma pessoa assim só pode ter uma existência triste e assustada. Por isso, procuro outro tipo de pessoa. Alguém que não seja compulsivo no bem que faz, como se corresse uma lista de compras; alguém que se responsabilize pela terra queimada que deixa atrás de si. Se souberem de uma pessoa assim, eu gostaria de conhecer. Obrigado.

«Don't be reckless with other people's hearts. Don't put up with people who are reckless with yours.»

sábado, 12 de abril de 2014

O futuro



Para que serve o futuro? Eu digo-vos para que serve o futuro. O futuro serve, no momento em que se torna presente, olharmos para trás e vermos o caminho percorrido: se as coisas más, más ficaram ou se afinal acabaram por ser coisas boas; se as coisas boas afinal não foram assim tão boas e algumas delas até mais pareceram maus sonhos; e como as desgraças, apesar de desgraças terem sido, delas terem germinado coisas tão boas que no presente seria impensável viver sem elas. O futuro serve para irmos percebendo se crescemos. O futuro, quando lá chegamos, é um binóculo com vistas para o passado e nos revela se temos vindo a caminhar bem ou mal, se tudo afinal, não era suposto ter sido assim. Poderíamos dizer então que não é o futuro de facto que nos dá esperança, mas o passado.