sábado, 31 de julho de 2010

Vem aí

Azul brilho de sol bate na vidraça da janela
e sorri ao meu sorriso de ti na dança das asas da preguiça.
Penso no castanho do teu olhar.
Ele voa em asas azuis, descobre o tecto das nuvens.
Elas sentem, assim como as cores.
Olhar distraído, olha-me, olha a luz.
Sente cheiro de mato, de flores
onde pousara uma libélula ausente.
Depois recorda o que por aí vem,
feito ribeiro transbordado de sentimentos coloridos.
No bordado do desejo do Verão que vem...
Assim, uma noite, sem avisar
a dança cumpre-se meiga como o antigo luar...
Ele repousará devagar em teus braços,
na doce doçura do abraço.
Juramos sentir que é terno o eterno
e o agora de teus lábios é afinal para sempre.
Do regaço, do fechar os olhos...E acordar.
A manhã vem aí.

domingo, 25 de julho de 2010

O saber

Abstração no teu gesto.
A ilusão de veracidade como jogo de espelhos.
Assim respira-se melhor.
Não seria capaz de apontar um único momento.
Afia-se a sensação durante os passos
no tudo poder ver,
mas nunca se está integrado no caminho.
Facil. Facil como respirar.
O saber intimamente que nos vamos cruzar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Curvatura do sentir

Dança suave a velocidade de dias quentes, sem nada a agarrá-los ao depois a não ser a inevitabilidade de ser em movimento. Ele faz dos dias colagens onde se pode deambular viajante de tempo. As memórias são canções esquecidas. Na escuridão de planície, agarra-se o que se pode e sonha-se com a curvatura do sentir.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Canção escondida

São os dias a fazerem o pino na arena do circo dos tempos. Palavras metronómicas sem fuga possivel seguem cegas em fila indiana. Para onde? Para o fundo da garganta da música que não existe. Felizmente dou por mim dentro de um suave voar e tudo parece distante ao ponto de não ter sequer de pensar. Posso assim deixa-me render à canção escondida deste coração planar, que mesmo sem o pensar, abandona-se no sentir.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Discorrer

Perdidos não estamos. Escolhemos não ver, não sentir para onde vamos, enquanto distraidos estamos a julgar ver, sentir outra coisa qualquer. Não há segredos nem enigmas. Há caminhos a desaguar num único lugar. Estes caminhos são como o tráfego de almas em nosso redor. Porque afinal, tudo na Natureza tende a repetir-se. É nos padrões que podemos encontrar o medo e a felicidade. Viver pode ser um labirinto simples ou um labirinto complicado. Depende da quantidade de vezes por cá já passamos. Não há atalhos a não ser o desejo de aprender e de ser naturalmente compassivo. Acabamos sempre por ver.