segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Às dores

Como se o cansaço pudesse ser proporcional à alegria de viver.
Às dores, desenhei-lhes asas
e deixei-as voar para longe de mim.
Dizem que são escadas de crescimento.
Não gosto delas por causa disso.
Foram-se. Não deixam saudades. E um dia,
o derradeiro vestígio delas será muito desatentamente
o tal crescimento.
A elas digo: tenho outras coisas em que pensar,
outras coisas para sentir.


Às iminentes dez mil visitas a esta minha viagem chamada Margens Confluentes, o meu mais sentido obrigado por aqui se terem detido um pouco, de vez em quando. Este lugar partilho-o com voçês desde o primeiro dia. Voltem sempre.

domingo, 22 de agosto de 2010

A ponta da corda

Como se contasse as células do meu corpo e cada uma me revelasse uma verdade diferente. Que fosse então contar estrelas, negligenciando a visão periférica, porque afinal ninguém deseja sentir-se insignificante. Depois, quantificar a energia contida em todo o amor de uma vida e voltar sempre ao zero e concluir que é nada, não imaginando o ser tudo. Mas agarrei a ponta da corda. Isso eu sei.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ponderando a ausência

Ponderando a ausência, como se o calor do teu corpo ainda o desenhasse nos lençóis. Foi tudo rápido, assim com a lentidão dos entardeceres de Verão. Só que é Inverno e já não estás aqui. Enquanto pela rua caminhas, ainda sentem tuas coxas o toque dos meus lábios, de minha língua? Oh, se a chuva caísse, para abrandar o frio e nos unisse no nosso amor por ela? A noite vai ser longa, a criatividade não vai chegar nem o sono… Encontramo-nos amanhã, talvez? Mesma hora, mesmo local?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Terra da noite

Terra da noite no brilho cadente da estrela.
Tudo se ilumina no breve momento
de respirar fundo.
Nascer do dia, distante ainda,
trará o lilás das flores altivas.
Sombras apaziguar-se-ão.
A vez delas dormirem chegou....