sexta-feira, 31 de julho de 2009

Waste

Can you taste the waste?
Days and days of endless daze.
Too consciously unaware we get a taste
of a tortuous path not seen as maze.
Because mice we are not and there’s
no quest for crumbs and cheese.
Yet secretly we escape inside the wheel
and run while exteriorizing ease.
Make-believe we turn the page,
that there are no walls, no cage.
The taste, it stings in your fingers like a bee,
then rises to the tongue so you don’t have to agree.
Don’t you see? No books will save you
from your own history.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lembrança

Um adeus antecipado, sem luz, sem linha
no labirinto terraplanado.
É vasto o pensamento , frágil o testemunho, a passagem.
A água é a informe feiticeira pavoneando-se
ao ritmo do seu próprio murmurar.
As margens confluem. Afinal sempre fui eu dos dois lados.
Como nunca me lembrei que apenas no meio nos encontraríamos?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Day before tomorrow

I want to tell you about the day before tomorrow,
how it all started forming itself from a single tear,
then grew as a giant looking around, punching in the air
like some crazy boxer fighting with his own solitude.
Oh, how tall can dreams be, so regally slow dancing
within dreams themselves.
We don’t see dreams, we feel them,
and in feeling them, we believe they are somehow real.
A tear can be deliverance,
it can be so strong that lifts all the weight inside.
That’s why heavy clouds mean trouble
for someone with no umbrella.
So, we see, we wait, we hold on for tomorrow,
for tomorrow is dream, but it is also real.
Like a tear is real for a lost memory.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Pedaço de Lua

Meu pedaço de lua
vai caindo em gotas como chuva
na cabeça. E todo o cinzento do dia
sufoca e impõe um rosário de memórias especializadas em
ludibriar o guarda-chuva que ficou em casa.
A luz, serpente preguiçosa, vai hibernar fora do tempo
no seu canto caracol de sempre. Inspira artistas, dizem.
A mim deixa-me molhado e sozinho, a caminhar pela rua.
Eu e o meu jukebox mental.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sempre

De que crime falas, afinal?
De intentar na travessia ou de ficar parado?
Não acreditas ou não sentes que a outra margem é também tua,
qual estranho de ti próprio. Receias ir, e quando lá chegares,
talvez descubras o que sempre esteve por inteiro dentro de ti.
Oh mania de tudo fragmentar!
Sofremos por não nos sentirmos inteiros e somos.
E num qualquer truque interior, partimos tudo em cacos
para podermos enfim sofrer por não nos sentirmos inteiros.
E ainda sorrimos quando o cão gira
frenético para tentar agarrar a cauda.
Toda a viagem é sempre um regresso a casa.