terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cúpulas interiores

Olha para as margens, olha para as marcas. Contemplar não é para nós, mas por uma vez, podiamos olhar para trás e ver o caminho feito, a terra aberta. Depois parar para sempre no perpétuo movimento dos nossos sonhos. Eles são as margens, eles são as marcas. E o movimento é o sentir em nossas cúpulas interiores. Deliciamo-nos com os raios de sol , como se fossem um orgão de luz. Olha e diz-me que afinal nada disto existiu. Que foi apenas um sonho a sonhar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entre-momentos

Gostava de escrever uma ode às nossas estimadas solidões,
se não fossem estas sinónimo de uma difícil plenitude.
Cada vez mais desejo apanhar o pensamento
quando ele acontece. E quando isso acontece
(raras vezes ainda, diga-se),
gera-se um efeito que imagino similar
ao surfar dentro de uma onda.
A paisagem é uma multiplicidade de pontos numerados
que temos de ir ligando. E quando se pensa
reconhecer o desenho, ele muda.
Mas aqui ninguém nos ouve,
e posso dizer que o truque está em entrar nesses
entre-momentos, quando um desenho deixa de parecer
uma coisa e ainda não parece outra.
Conquista o agora, contaminámo-lo com a mestria
de nossas dúvidas. Seremos vírus de nós próprios.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não digas

Não digas até amanhã,
uma vez chega, por favor.
Não digas adeus, não o sussurres sequer,
deixa-te estar entre os suspiros sonhados.
Canto-te canções de embalar, se quiseres,
canto-te cantos de amor, até que percas o medo.
Eu não quero dormir, não quero partir.
Não digas até amanhã.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09.09.09

O 9 do 9 de 09
deixo-o à imaginação
de quem por aqui passa.

sábado, 5 de setembro de 2009

Poema de sexta-feira escrito sábado

Desprovido. Sempre o mesmo olhar em volta sem nada ver
ou o tudo ver distorcido. E isto é exterior ou interior?
Não te rias nunca do que não consegues compreender.
E se aprender não é a tua cena, força-te à hibernação.
A próxima primavera trará pelo menos novos cheiros,
novos sentidos, toda a verdade feita ilusão
de tudo estar finalmente bem.
E assim se pode viver toda uma vida.