terça-feira, 16 de outubro de 2018

S/ título


...e agora que não consigo dormir porque não páras de gritar dentro da minha cabeça, vou tomar um dos comprimidos que me deste para dormir. Como é estranho as coisas que fazemos por vezes parecerem conversas com um «eu» futuro. Ou por vezes, fazemos a pergunta de um lado da fronteira e respondemos já do outro lado. Viver é como um interminável processo de partilhas, de quem fica com o quê e as alegrias e dissabores que isso provoca. Um processo de partilhas com nós próprios, com o resto do mundo e de outros para connosco. Nunca se sabe quando o mais pequeno gesto vai mais tarde adquirir uma dimensão maior apenas porque algo mudou. Desceu-se ou subiu-se um degrau, um passo mais e estamos do outro lado da fronteira e é aí que está o resto da vida, já não no passo anterior. Viver é pois o momento entre um passo e outro. Pousar o pé no chão é apenas a mínima pausa para respirar, olhar para trás, olhar para a frente e continuar a viver. E a seu tempo, os comprimidos terão acabado e a tua voz terá ficado tão baixa que deixei de a ouvir.
((Oversharing, my dear, is not honesty)

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