Que se vai morrer em breve?
Sinto-me ligado a tudo o que me rodeia,
sem nada querer possuir,
a não ser a mestria de planar no desprendimento.
Olhas orvalhadamente o horizonte tão perto. Cabelos de menina a contar as cores do arco-iris. Sonho tua presença, no lugar onde sinto tua ausência. Ai, as tuas mãos, quero sussurrar para elas minha essência e depois... Depois é outro dia. A luz é linda e tu também. É um instante de plenitude. O horizonte é nosso. E como uma espécie de névoa da madrugada que se dissipa, senti no meu peito algo transbordando, como uma dor habitual que nem sentimos que acabou. Sim, é espantoso. Eu estava feliz.
Adormeceste?
Agarra a mistura. Desvenda a alquimia do voo dos milhafres. Os bosques ali embaixo nada dizem. Um código de silêncio impera. Faz do frio veloz teu Outono, tua embaraçada pintura, de inocência impregnada. A flor nasce assim do cimento iminente, feita coração de cera. De que adianta afinal toda a encenada protecção? Nada mais do que um vitral: translúcido, luminoso, mas não o próprio sol. Mas de imperfeito, apenas as naturais marcas do tempo, doridamente belas. Aprendi a nelas ver o real esplendor e singularidade tantas vezes resguardado por trás de subtis cataventos. A bravura em se questionar quem realmente se quer ser. Eis a questão. A perfeição é arquitectura e no coração nada há de arquitectura. Não trocaria o meu coração quebrado e imperfeito por nenhum outro. Nele está a minha história, a minha viagem, a minha maior tolerância, compaixão e cada vez maior capacidade de amar.