domingo, 28 de setembro de 2008
sábado, 13 de setembro de 2008
O som
Recorda o coração que bate algures na cidade. O seu ritmo dita a cadência dos passos dos amantes, dos sonhadores, dos artistas, dos ninguém que nada mais têm do que o amor para lhes iluminar a vida. Recorda esse batimento debaixo da tua pele, esse apelo, esse grito. Danças sem te moveres, moves-te de olhos fechados, confiando na certeza do caminho, na certeza das direcções, do ritmo. Recorda o adeus, a ferida aberta, o dares-te para sempre ali, naquele instante. Recorda a voz surda, o lamento cego, a infindável mágoa, a inacreditável alegria. Recorda-o sempre dentro de ti, não esqueças nunca aquele dentro de quem amas, de quem amaste. Numa esquina qualquer, num jardim, ele nasce e renasce sem nunca morrer, é inevitável como a vida, vibrante e quente como o sol. Hoje, quando saires para a rua, pára por um pouco e escuta. Sustem a respiração. E sobrepondo-se lentamente à música dissonante da cidade, o teu coração irá reconhecer, livre de qualquer dúvida, o som do amor.
Graffiti fotografado na Travessa do Carregal, no Porto
domingo, 7 de setembro de 2008
Celebração
Ofereceste-me o arco-íris
e eu dei-te o amanhecer.
Entre um e outro regamos
o orvalho de dor e alegria.
Não cheguei a partir
nem tua chegada foi surpresa.
A celebração navega dentro.
Porque não há-de ser essa
a maior das dádivas?
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