terça-feira, 3 de maio de 2011

Requiem

Sim, apercebo-me da voz de Nick Drake no teu olhar. E afinal, quando chegaste, não te vi. Passamos um pelo outro como estranhos que de facto somos. Borboleta presa na atmosfera adocicada do Verão, minha cidade nua, meus passos no encalço dos teus. Nem as folhas escritas se atrevem a cair, a ficarem para trás, mais a escrita miúda que carregam. Uma voz, um olhar e a noite. E a seguir a barreira. Sim, pode ser a lua, pode ser a voz, pode ser o som dos passos. Queres saber do que falo? Agora que estás na última página? Tens de comprar o livro. No fim, não sou eu que sou deus. És tu.

Sim, apercebo-me, olhando o vazio. Nada realmente muda. A não ser o rosto da ilusão. Afinal, a moeda não sai de tráz da orelha, apenas parece sair. E continua a parecer sair mesmo depois de sabermos o truque. E acaba-se. Acaba-se mesmo assim por escolher o truque, a ilusão.


1 comentário:

Rosa Maria Ribeiro disse...

E porque diabo há-de a magia de se desvendar e nós de crescer?!