quinta-feira, 21 de julho de 2016

Mantra


Quero a tua nudez líquida, a tua nudez nua. Quero sentir que o sol afinal continua a nascer dentro de ti, dentro de mim. Quero dar-te o meu querer, quero que o pendures numa corda como roupa molhada. Quero a tua timidez, a tua vergonha. Farei delas girassóis, porque são destemidos e belos como tu. Quero mais que a minha memória de ti, quero-te aqui, a trespassares-me a inquietação. 
Quero as tuas pernas, quero o calor entre elas, quero o teu prazer. 
Quero entregar-me a ti inteiro, na minha mais embaraçada inocência. Quero dar-te a mão, quero sentir que nos temos agora, amanhã, sempre. Quero parar de querer, quero apenas ser contigo, de olhos fechados e tudo vislumbrar. Quero a serenidade do entardecer que um dia imaginamos, entrar pela noite íntima e sem tempo, perder-me dentro de ti e receber o amanhecer como alma acabada de parir.

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