quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Momento de ver


Sim, hoje olho o céu e não vejo azul, não vejo nuvens, não vejo infinito. Vejo-te a ti como um vasto zepelim feito miragem a cobrir-me na lenta passagem de um dia que se recusa a terminar. É a casota dos pardais pregada na árvore perdida na imensidão do pinhal, perdido na imensidão de um canto da savana irredutível ao dia, na solidão ausente das estrelas ou da Lua. Fica a semente, qual bomba-relógio, da inevitabilidade de regressar ao lugar anterior ao primeiro passo.

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