terça-feira, 29 de novembro de 2022

Cão


Que as façam então, as travessias.

Eu não estou interessado em molhar os pés

e o meu pesadelo é morrer submergido.

Este lugar construí-o eu

durante anos e anos de desaprumo.

Decidi fincar os pés e dele não abdicar.

Não me vendam águas escuras. 

Não me vendam água benta.

Não me vendam surdos slogans da multidão.

Não sou cão a ladrar atrás do camião.

Este cão já viveu as suas canzanas

nu meio das savanas.

É tempo de bocejar,

decidir não enfrentar o mar. 

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