quarta-feira, 5 de setembro de 2007

The best of times

Hoje ou mais tardar amanhã, receberás pelo correio uma caixinha embrulhada em veludo, seda e caxemira, em tonalidades bem escuras, talvez um azul profundo ou mesmo até negro e a pontuar com delicadeza, uma fita rosada. Quando a abrires, com todos os ansiosos cuidados, verás dentro dela, por entre aromas de girassol e malmequer, bem tímidos espreitando para fora, meus poucos primeiros anos. São onze ou doze os que te ofereço. Mal te virem, vão sorrir e para os teus braços saltarão, cobrindo-te de beijinhos, impacientes e travessos como sempre.
Com eles, passeando de mãos dadas pela praia, serás de novo menina e eles, embaraçados como nunca, irão pousar devagarinho nas palmas das tuas mãos todo o primaveril amor que há dentro deles. Nele pegarás, como se dum gatinho se tratasse e o acariciarás na tua corada face. Depois ele procurará refúgio bem dentro do teu peito, e abraçando teu coração, aguardará teus mil sorrisos, teus mil suspiros.
Naquela praia, à tardinha, já quase a anoitecer, os dois irão vislumbrar, numa sinfonia de cores, o sol a bocejar e lá ao longe deitar-se na cama do mar. No quebra-mar, descalços, os olhos de meus jovens anos olharão com carinho os teus olhos de menina olhando com carinho os meus. Por um instante apenas, como a mais breve estrela cadente, reconheceremos em cada um os velhinhos que iremos ser daqui a uma vida inteira e sim, eles davam beijinhos, entre ternuras e sussurros. Oh, doce brisa dos anos da meninice, como eles estavam felizes...

1 comentário:

Anónimo disse...

hummm...muito belo.