domingo, 4 de novembro de 2007

Distancia

Pudera eu ser distancia de astros da guarda
nas noites ignorantes do desejo em forma de cubo.
Minhas seis faces ou seis sentires irradiariam seu sol
sempre breve nas mesas das esplanadas
onde ainda se embala o mar ao longe.

O avião que passa,
o barco que pesado parece na linha do horizonte.
Eles são o romance dos dias,
raiar de possibilidades.

Vou ter de esperar pela noite,
pelo antecipadamente aguardado gesto
que nunca vai chegar
e aceitar a minha vassalagem
às palavras paridas dos pensamentos
indomáveis.

Um dia destes revolto-me
e não te exprimirei.
Definharás dentro de mim.
Serei teu breve cosmos.
Da tua extinção, brotará a flor
da minha pele rasgada, mas grata
pela catarse da doce dor provocada.

1 comentário:

Maria Clara do Vale disse...

O criador encontra em todo o lado o seu saber, a sua vontade, os seus projectos, ou seja ele próprio…no entanto atinge apenas a sua própria subjectividade porque o objecto que cria está fora de seu alcance… não o cria para ele …vai até aos limites do subjectivo, mas sem o ultrapassar… aprecia o efeito dum traço, duma imagem… mas é o efeito que produzirá nos outros o que diz e o que faz, que poderá avaliá-lo …nunca senti-lo!!!
no entanto a flor será a prova final da página branca que irá reescrever...