sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Transição

Sair de um lugar demencial
para a súbita luminosidade do jardim.
Todos os olhares ainda permanecem
por algum tempo. Ou será talvez a memória?

Os passos dados, logo esquecidos,
por serem dados na suspensão do presente,
são vôo sonhado com asas feitas de pó.
Tudo nada mais é do que transição,
Diálogo entre passado e presente.
O futuro é pura imaginação.
É a luz de estrelas que ainda aqui não chegou.
E no espaço de um pensamento, de um passo,
de uma vida inteira, o verbo principia.

O rodopio da vertigem de vozes
distancia-se enquanto é desfiado
Até à mais pura essencia primordial.
Depois nada se é e um dia nasce-se outra vez
e tudo se repete.
Habita-se o momento contínuo da vida,
respira-se a cor das flores
ou cai-se na consciência da repetição.
Mas nada se repete realmente.

1 comentário:

Rosa Maria Ribeiro disse...

"Nada se repete realmente" e fica-me o eco que embora diga o mesmo não o diz da mesma forma.

Posso repetir que as tuas ilustrações assim como as palavras me deixam sempre sem saber que dizer?