sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Um sabor agradável na boca

Ocasionalmente acontece: tem-se certezas. Aí, torna-se mais fácil tomar decisões que de outro modo evitariamos tomar. Mas nestas coisas, dou sempre preferência ao princípio da incerteza, porque é ela que nos impulsiona para a frente. Às minhas estimadas incertezas e às certezas dos outros, eu digo «boa noite, foi um dia bom, está tudo certo, no seu devido lugar.» Já sei que amanhã vou acordar com uma daquelas dores de cabeça. Pode ser que seja suavizada com a memória do sonho que tive e do qual tive pena de acordar. Quimeras, alguém que nunca se vai conhecer, um sabor agradável na boca, depois de um longo beijo, talvez um lugar estranhamente familiar quando por ele passar daqui a 5, 10 anos. Decidir que a vida é bela, que é domingo e não terei necessáriamente de trabalhar. Decidir não tem de ter nada a ver com certezas. Sei que existem respostas e elas já estão todas dentro de mim. Algumas delas, só terei de as encontrar. Ou com sorte, deixar que algumas delas venham até mim.

2 comentários:

Maria Clara do Vale disse...

As palavras...sentimo-nos muitas vezes fortes e justificados por elas...decalcamo-las muitas vezes nas paredes, na pele, numa emoção...pensamos assim aquietar ilusões que chegaram mas...de repente o seu rosto é estranho e acusador como um espelho...depois há as respostas que sabemos sim existirem em nós e um dia conduzir-nos-ão às certezas e então sentiremos o tal "sabor agradável na boca"...

Silêncio disse...

Quando julgo ter uma certeza , tenho logo a certeza da incerteza que tenho.
Tomo decisões, consciente que são as consequências que me vão dizer se afinal eram certezas as incertezas que tinha.
Mesmo com algum sabor amargo, fico sempre a doçura de algo ter acontecido.
Paradoxos simples da existência, que nos fazem curvar, e me levam a caminhar de cabeça levantada olhando as nuvens que passam.....porque cada nuvem tem um rosto e há sempre um rosto que procuramos nas nuvens..... o nosso.