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Descascamo-nos como cebolas, camada a camada, numa regressão lenta e plena de suspense porque nunca sabemos o que vamos encontrar debaixo a não ser a pulsão de viajar até uma inocência ancestral, uma inocência inocente. Não ousamos olharmo-nos nos olhos porque ainda é longa a distância. Por agora, este imenso agora, nossos olhos estão fixos nas memórias de nós próprios, em todos aqueles infindavelmente gordos e felizes dias transformados em doce sépia empoeirada e guardados em gavetas há muito esquecidas. Descascamo-nos numa gentil hipnose em busca do movimento sincopado de nossas peles ligadas, como se siameses fossemos.
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