quarta-feira, 26 de março de 2008

Aurora

Aurora d'ouro inocente alastra pelo céu obscuro, aparta-lhe o escuro e as estrelas lá se vão em fila indiana porque assim foram sonhadas, talvez para melhor as contar. As sombras regridem sem que ninguém dê por isso, embora não saibam de onde vem aquela música longínqua, mas sabem sempre de onde vem a luz; pudera, é essa a vida delas: darem-se à luz. Em momentos assim, o melhor é não pensar em nada. Se o sol está a nascer, o melhor é ser como ele e nascer também. Ser o cheiro das flores que para ele se viram, ser o cheiro da terra húmida, o chilrear dos pássaros, lá ao longe a ecoar no pinhal...

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