sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Às vezes




Às vezes sinto que me cumpri,
que levarei comigo o tempo passado, 
mas também todo o tempo por vir.
Cumprir-mo-nos é isso: 
desvanecermos na eternidade.
(I have lost my touch
and you remind me there is one)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Miragem


Incendeias-me, deixo-me arder
e não te deixo apagar.
Há sempre mais uma chama dentro de ti
que me chama.
É só um pequeno lume que mantenho.
Sem esforço, sem lhe tocar 
ele ali fica à espera de outro incêndio.
Deve ser este o meu fogo que arde sem se ver.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Pequena ladainha




No fim de tudo, de toda a treta, de todo o debate, conflito, concórdia, de todos os sonhos sonhados e sonhos quebrados, objectivos e planos, de todo o amor falhado, de todo o desabrigo da chuva, de todos os pensamentos fugidios, todos os lugares vazios, todos os filmes perdidos e palavras por dizer, erros por esconder e beijos por dar, risos por libertar, gritos por pacificar e sussuros por respirar...e por tudo o mais que eu pudesse ladainhar.... no fim de tudo, as escolhas feitas constroem o caminho.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Dizem pelas paredes




O sentido do silencio é as palavras emudecerem-se, perderem-se nas páginas de um livro esquecido no canto de uma estante e aguardarem ser descobertas de novo. Dizem pelas paredes que somos instantes. Pois eu digo que somos eternidade. E é quando amamos ou desamamos que mais a sentimos. 
A eternidade não é feita de tempo e espaço mas sim de felicidade e desespero. É feita de efemeridade a vida a pulsar-nos nas veias.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Rap



Estes dias, com crise, austeridade, troika, pessoas grudadas ao telemóvel, à tv, ao pc, publicidade por todo o lado, futebol por todo o lado, facebook, osho, chagas, big mac, cinema de merda, amigos de merda, inimigos de merda, cantores de merda, merda de merda, pessoas que querem amor e geram guerra, pessoas que querem guerra e geram guerra, apatia, astrologia, ideologia, democracia, aerofagia, flatulência mental e oral, gurus, voodoos, cus, mamas e lábios enchidos com não sei quê de vaca, vidas passadas, presentes de natal e futurologia falhada, novelas «minha nossa» e «como assim?» e acordo hortugráficu e euro e alemanha, ossama, obama e bush, talk shows, reality shows, vozes a falarem para nós como se tivessemos 5 anos e a fnac que agora não presta e os supermercados e hipermercados que têm sempre demasiadas caixas vazias, e as bichas, os gays e as lésbicas que são especiais, as contas offshore e paraísos fiscais, os infernos na Terra, as rebaldarias autárquicas e o cinema português, tão bom no estrangeiro e o Porto que é um destino favorito não sei de quem e eu que estou a ficar cansado, toda a gente a falar e ninguém a ouvir.... apenas quero um pouco de felicidade a cada dia que passa. Depende em grande parte de mim e ninguém tem o direito de ma roubar seja sob que forma ou pretexto. Tenho dizido! ;)

sábado, 4 de julho de 2015

Questões, respostas



Toda a gente tem um oceano de questões para as quais gostaria de ter resposta. Essas respostas dificilmente surgem do exterior. Antes as damos a nós próprios, Viver, crescer é o processo dessas questões se irem esfumando com a passagem do tempo.
O passado é Arte, o futuro projecto e o presente, criação.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Ilusão e vazio




As ilusões renovam-se, uma vez que tudo acontece dentro de nós. Se pensarmos bem, é o vazio que sustenta e segura o universo. Podemos não escolher o tal vazio mas podemos escolher como o encarar e até como o sentir. Basta caminhar. A grande questão do caminho é que muitas vezes não é o que esperávamos. Acredita em ti. E acreditarmos em nós passa um pouco por não pensar tanto. Sê generoso para o quão generosa a Natureza foi para ti.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

«I am the ressurection»


Que faz de mim silêncio nestes tempos de ensurdecedora surdina? E porque ouço a voz surda veladora dos medos antigos? Não há por acaso luz suficiente para tudo varrer? Que é a distância para um raio de luz, afinal? Um segundo? A eternidade? Pudesse dar-te eu aquilo que receias perder e não hesitaria. Já tenho história dentro de mim para me ocupar por uma pequena eternidade. 
Tenho os meus sonhos, memórias, todos os sons, imagens e músicas de mim para ouvir quando me sentir um pouco só. E quando assim me sinto, por vezes choro, outras vezes escuto a voz do coração, porque ele não fala por silêncio, 
fala por sentir.

Nu


Nu peso, 
nu repouso, 
nus sonhos, nus medos, 
nus instantes, 
nas pequenas felicidades entre os segundos, 
nu sentir que a eternidade existe 
ao virar da esquina. 
E terna idade aquela que ama. 

sábado, 18 de abril de 2015

um anónimo instante


...aqui teríamos de reflectir sobre o que é estar acompanhado. Estamos quando muito em nós e de nós para nós. E os outros não estão de facto ali, mas cá dentro a serem perpétuamente processados. Por isso, ninguém vai de facto embora porque de certo modo nunca «cá» esteve. Acompanha-nos aquilo que somos e o que somos é feito de memória permanentemente a ser gerada. E nós, ditos artistas, usamo-la como matéria-prima. E voltamos ao que não existe mas está sempre connosco. Uma estrela do outro lado do universo, a milhões de anos-luz de tudo o que estiver mais perto, estará só? Afinal, não podemos categoricamente afirmar que ela não tem de algum modo uma qualquer consciência de si.

domingo, 22 de março de 2015

Escolher, caminhar, definir


A minha luz não me assusta! Gosto muito dela e faz-me sentir bem. Suei muito para a ter. É precisamente como escolhemos caminhar na penumbra que nos define. E essa escolha ou é geradora de mais luz ou mais penumbra.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O nosso pequeno pedaço de céu


Agarramos o nosso pequeno pedaço de céu
no breve arco-íris do aerosol.
Do gesto fez-se a janela do nosso contentamento
e mais uma vez aparece a comunhão.
Dizemos o quê? Nada. 
Falamos dentro do nosso abraço.