quarta-feira, 19 de junho de 2019

S/ titulo


Preferimos a morte certa, a morte métrica, as sílabas dos sonhos nunca partilhados, mas enrodilhados na mentira do nosso próprio devir.. Sim há-de vir um dia, uma noite e um dia e uma noite. Há-de vir a ideia de nunca mais deixar de cair, a dificuldade em respirar por se estar vivo demais. Como se isso pudesse existir.
Podemos ambicionar o embrionar nos pequenos instantes já passados, sempre, sempre já passados, cometas às voltas do sol até se estamparem nele. Oh luz que fomos e iluminou um dia a noite, oh luz que seremos. Uma dança de desencontros e precisas dissonâncias a construir a fugidia felicidade.

sábado, 1 de junho de 2019

Still life


Um amor de fim de semana. Dejá vu, welcome to the machine. O princípio e o fim do mundo e negligenciar o que se passa entretanto. O «entre coisas» é a cola que sustenta o cosmos. Entre mim e entre ti nada existe. Tudo pode acontecer. As palavras slogans da negação da alma e do coração. Existe diferença entre eles? Existimos? Sentimos? No que acreditamos? Não nos atrevemos a dizer. E neste não atrever, nasce a mentira por entre as palavras. Preferimos morrer pelas coisas mais pueris. A desimportancia do que há cá dentro ascende à condição de ópera, de livro vermelho, de credo. Nada entra. Nada entra entre a esqualidêz das palavras onde o musgo vai crescendo. E as minhas palavras são invisíveis e o que quer que tinha para dizer era mudo e sentir isso fazia-me sofrer mais do que tudo. 
A minha fantasia de ver o mundo sem mim, o meu complexo de «It's a wonderful life» não é romântico como no grande ecrã. O mundo passa bem sem mim. E sem a caricia das estrelas na palma da mão, de facto não há vida. E a respiração vem de uma pilha prestes a ficar gasta.