terça-feira, 8 de janeiro de 2008

E se um dia

E, se um dia fosse, depois de uma noite
(muito breve porque estava no jardim),
quente como a ideia de primavera,
réstia de uma memória de infância,
e nada mais restasse da véspera
a não ser a incerteza de ter estado contigo.
Mas depois lembrei-me:
pequenos lapsos luminosos
numa dança ritual esfumando-se
devagar, numa espiral ascendente.
Nós olhávamos, olhávamo-nos,
e todo o calor imaginado…
Ali estava,
na calma intranquilidade
dos múltiplos murmúrios da areia.
Não, areia não era, mas o fluxo dos desejos.


2 comentários:

Maria Clara do Vale disse...

Com a boca encostada à areia da praia respiro o odor da nostalgia que este texto teu me traz...

As gaivotas despenham-se sobre o mar e no indefinido adeus, trazem a vertigem do silêncio...
Será que também trazem o desejo?!

As mãos estendidas, abertas, pedem o fascínios dos dias sem dúvidas...

Anónimo disse...

Magnífico!....na sua calma intranquilidade...