domingo, 25 de novembro de 2007

A morte do dia

I
O desejo presente projecta a sua sombra
na húmida língua em reclusão, à espera do dia,
do exacto momento do medo da impossibilidade
da capacidade de resposta imediata.
Esse medo vítreo oculto pelas ideias e comportamentos
considerados aceitáveis.
Respirar fundo.
II
Eis o momento aberto à queimadura da pele hesitante.
Por fim repousa nas bordas do dia.
Assim sobe-desce degraus conforme
o uniforme do momento.
Na mais paralizante paisagem se decide, por vezes,
a dor futura, em religiosa felicidade.
O amor é um vazio dolente
aguardando o desperdiçar da vida.
Nenhum vislumbre se avizinha.
É sempre tempo de acabar.

2 comentários:

Maria Clara do Vale disse...

O sol a acender-se com perguntas
que provocam perguntas...
E as mãos atadas diante do rosto...
A fuga ao silêncio a perder-se em palavras na "morte do dia"...

Reconhece-se então aquele
que se afogou em sonhos
e se desfez em palavras...

Gosto bastante da imagem do sol mas..."é sempre tempo de acabar na "morte do dia" se pensarmos que nascerá um novo dia??!!

Silêncio disse...

Um desejo em reclusão......um respirar fundo, desistido?
Há sempre um momento hesitante, mas mais vale agarrá-lo que perdê-lo.
Mesmo que haja inexoravelmente um perder....mas já se ganhou alguma coisa.....

Gostei imenso do teu desenho.