domingo, 18 de março de 2018

A parva eternidade

Que luz é esta tão maltratada pelos amantes?
Que fazem eles afinal senão caminharem para o final?
Não há eternidade, não há fé ou redenção.
Há o momento sem igual, reacção em cadeia a
encarcerar-nos alegremente na jaula do outro.
De boa vontade derrubamos vezes sem conta
o candeeiro tão fragil a gemer. De alegria, sei agora.
Candeeiro velho vandalizado pela intensidade
do instante para sempre. E ele dá luz, dá dor,
deixa o amor seguir seu curso. Determinado,
em reincidente casamento. Não há dor que aguente
momentos assim. Nem escuridão.
There is a light that never goes out.
E com ela tudo faz sentido. Até a parva eternidade.
Que sabe ela afinal do nosso instante
quase às escuras? Que sabe ela desta luz
nosso perfume, nosso segredo?

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