sábado, 19 de março de 2022

Quando o entardecer era madrugada

Quando o entardecer era madrugada
e eram os nossos sonhos suspensos nos montes.
Eram neblina sebastianica na promessa
de um nunca vir. E era o nosso baile
o silêncio do percurso das nuvens e
a papoila aguardava sozinha o convite
para dançar. E tu estendeste-lhe o sol.
E o nariz da estátua cega pingava orvalho
e a minha compaixão pulsou
pelo seu coração de pedra.
Doce, doce, era o estarmos ali já
na nossa ausência, a sorrir da memória 
e dos grãos de areia. 

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