De onde vem esse sabor enigmático? Esse sabor como quem põe roupa do avesso?
E então o queixume ziguezagueia, julgando-se uma qualquer ondinha do rio. As palavras esculpem-se no granito aquecido pelo sol e as migalhas caídas exorcizam as résteas de significado em si contidas. Tudo podia jorrar de perfeição se a brisa da tarde transportasse um pouco de cheiro da erva, mas é o mar o rei e aqui nem mar há. Podia ser uma daquelas cidades mediterrânicas em que nos imaginamos a caminhar devagar com o amor da nossa vida, afinal dentro de um sonho. Mas não haveria desilusão, porque a memória perpetuaria o instante. Sim, apesar de tudo, momentos há em que, como se de uma compaixão se tratasse, sentimos a infindável beleza de estar aqui agora.
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