segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Um estranho vislumbre

I
Um estranho vislumbre, de não estar realmente lá. Os olhos, sim, os olhos. Eles encontram-se, embora fechados em algum tranquilo êxtase. E sentamo-nos na fresca erva de Verão, quase escapando realizar que tudo faz sentido por um momento. A este momento, lidamos com amor e com amor descobrimos a intemporalidade.
Um estranho vislumbre pela vaga brancura da minha memória de ti. A vontade de contemplar para lá dos teus olhos, numa cena de Paixão de luz solar e sombra, numa carícia impressionista da tua esfomeada pele. Sim, está quente em nosso redor. Tudo está como devia estar. Num estranho e simples vislumbre.

II
Nada retenho da assustada madrugada, do desabrigo aconchegado e transversal das fugidias palavras, numa espera quase sensual a desaguar desilusão. E aquelas vidas futuras que ficaram por viver, algures no éter da imaginação, sim, todas elas se vão cumprindo dia a dia, como capítulos de livros da biblioteca do invisível. Está lá tudo, apenas nunca aconteceu.

Sem comentários: