sexta-feira, 31 de agosto de 2007

...Do sentir

Sentir, sentir a música interior, antes dos constrangimentos do medo, da desconfiança. Eu sinto e o que sinto por aqui vai ficando guardado, como cartas fechadas e cheias de pó, descobertas num canto duma gaveta, muito tempo depois de por cá ter andado. Descobrirão que um dia eu existi para lá das construções que de mim fizeram. Amei e fui amado e isso afinal não foi o fim do mundo, antes o tornou mais bonito por algum tempo. Aliviei nós de garganta e apertos de peito, chorando lágrimas inacreditáveis, sabe-se lá porque motivo.
Meu deus! O que o faria chorar? E ele responderia que chorava porque sentia, sentia toda a bondade do mundo apoderar-se dele e esvair-se pelo seu renovado olhar. Chorava de compaixão por todo o medo que nas pessoas conseguia adivinhar e tornaram a sua existência um pouquinho mais pesada. Sim, ele esteve um dia, na beira da falésia e vislumbrou o sentimento de todo o mundo e comoveu-se com a realização de afinal estar tudo ali, à mão de semear. Bastava fechar os olhos em rendição e sentir.

1 comentário:

Rosa Maria Ribeiro disse...

E falarão de ti, como nunca falaram.
E dirão de ti coisas impensadas.
E amar-te-ão como nunca o foste.

É sempre, dolorosamente, assim.