Hoje, estou de novo aqui. Não exactamente no mesmo sítio, mas noutro que me permite ser espectador do meu passado. Está um anoitecer aconchegante. Deixo-me ficar, observador do ocaso que já lá não está.
Eis o momento aberto à queimadura da pele hesitante. Por fim repousa nas bordas do dia. Assim sobe-desce degraus conforme o uniforme do momento. Na mais paralizante paisagem se decide por vezes a dor futura, em religiosa felicidade. O amor é um vazio dolente aguardando o desperdiçar da vida. Nenhum vislumbre se avizinha. É sempre tempo de acabar. Quimera: deixo cair a cabeça entre os joelhos, abandono-me neste cliché crepuscular. Quero acabar. Sonho continuar.Não existe monte sagrado. Existe o amor e as micro-revoluções interiores, mas até estas acabam por fatigar a idade, esquartejando-se. Não, não existe dia seguinte. A noite seduz, a lucidez torna-se espera. Espera, ideia fintada, espera, habituei-me ao teu labirinto. Sei que dentro deste esvair existe grandeza, portanto, Amor, espera o pé-ante-pé dos dias. Eu aqui fico. Há sempre um último toque redentor. E sempre um novo dia que nasce.
1 comentário:
Sempre o passado, sempre o presente e talvez o futuro. As certezas já estão gastas meu amigo!
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