segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sem título

A minha sombra projecta-se aqui um pouco independente de mim, delineando cantos antes não apercebidos. Este é o meu espaço e tu convidaste-me para lá. Como suportas o meu peso com teus pés? Por momentos, senti que eras tu a dirigir-me, serpenteando por entre as pontas de cigarros. E quando me sinto no mais improvisado abandono, é contigo que falo, embora nunca respondas, mas sei porque o fazes: queres sempre que seja eu a encontrar respostas no teu negrume.
Minha sombra...Digo eu.
Meu corpo...dizes tu.
Quando sinto que o mundo está ao contrário, escondo-me em ti. Sempre tiveste essa generosidade. E quando de ti me fazes de novo emergir, faço-o com renovado desejo de enfrentar a minha própria criatividade, deixando-a seduzir-me. Aí, tudo é luz e sabes o que isso quer dizer...Penso eu, com um sorriso nos lábios. Andas por perto.

2 comentários:

Maria Clara do Vale disse...

O improvável e o impossível fazem muitas vezes com que não se espere nada e desde que isso se aceite ganha-se tranquilidade…depois há esta dor que fica de todas as ruas vazias…
caminha-se na língua aguçada deste silêncio… na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abismo…
sentimo-nos capazes de acabar com esse vácuo…
no entanto também existe a noite (a as nossas sombras)onde nos podemos sempre esconder,como dizes...
mas sabes, é bem verdade que a tua criatividade pode emergir da tua sombra mas existe, como existe o deserto e o acaso da vida…
podemos sempre gostar dos enganos, da sorte e dos encontros inesperados…onde o medo tem a precariedade doutro corpo que pode ser eterno e intemporal...mas aí há sempre luz?!!
...A imagem está o máximo!!!

Silêncio disse...

A sombra é o resultado da luz. E quando a luz desaparece a sombra enrosca-se em nós, funde-se em nós esperando que cheguemos de novo a alcançar a luz...é o momento de um todo que faz eclodir o melhor desse todo.

...adorei...!!!