Que me dizes do teu desassossego? Nunca falamos de espelhos, embora parecesse ser isso que fazíamos. E tu eras eu e eu era tu e quem somos nós afinal? Que te posso dizer do meu desaguar? Somos contraponto de um outro lugar qualquer onde de facto encalhamos. A minha pergunta devia então ser: se já lá estamos, porque nos procuramos? Olha como eles em reverência se divertem a cada amanhecer? Acertemos o mapa, os tempos, a respiração, o bater do coração.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
sábado, 29 de outubro de 2011
Regresso à forma
Eu era fantasma em infiel terra de serpenteantes faces de carnaval sem raíz ou tempo. Eu vagueava penadamente corredores de luminosos queixumes e mágoas eclipsados pela voracidade do breu alado e desgovernado no fundo dos corações. Eu aprendia a reler a a não ver os olhos cegos. Eu renascia longe de mim. Eu recusava, eu sabia. Já aqui tinha estado.
O meu obrigado às presentes 14 000 visitas a este espaço.
domingo, 9 de outubro de 2011
porque
Que venha sábado, domingo, a indolente sucessão dos dias. A presença da ausência de uma futura emoção, o tic tac tic tac das mudanças da luz a sussurrarem o segredo único de viver. E na confusão do eco, nada afinal se aprende. Que venha então segunda-feira e terça até ao cume da semana, de onde tudo se pode quase vislumbrar. Venham árvores, aviões entre as nuvens, telhados cheios de ideias. Destinos escondidos e sonhos idos com as andorinhas. Acaba aqui. Porque...não tem de haver porque.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Memória da pele
Parou. Deve haver um arco-íris algures. Roupa escorre gotas na pele dos dias líquidos. Por ser Verão no quente refresco antecipado doutros dias aqui confluem, aqui sinalizam derretidamente voos, tesouros num piscar de olhos. A memória da pele tinha saudades da chuva.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Secreto adeus
Como é duro conhecer o verão, essa porta de infinitos restritos pelos sentires da planície resistente à nossa cegueira. Luz, querer a luz quente resistente. Porque tem de ser assim de desenganos e fintas eficientes... Como é duro conhecer e estar-se condenado a esquecer e esquecer é a cela final de onde foge o ténue esboço da esperança. A ideia de sentir... A ideia de fugir por fim respirar fundo e dizer o mais secreto adeus.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Contraponto
Que me dizes do teu desassossego? Nunca falamos de espelhos, embora parecesse ser isso que fazíamos. E tu eras eu e eu era tu e quem somos nós afinal? Que te posso dizer do meu desaguar? Somos contraponto de um outro lugar qualquer onde de facto encalhamos. A minha pergunta devia então ser: se já lá estamos, porque nos procuramos? Olha como eles em reverência se divertema cada amanhecer? Acertemos o mapa, os tempos, a respiração, o bater do coração.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
A minha celebração
Quero fazer anos todos os dias da minha vida e esquecer-me da passagem do tempo, lembrando que ele nunca pára. Quero celebrar as possibilidades e não me deter na tão fácil tristeza. Mesmo quando as lições são duras de aprender, mesmo na escuridão quando recusamos ver que há uma luz algures. Ao aproximarmo-nos, vemos que era o nosso reflexo num espelho e que a luz afinal éramos nós…Celebro-me grande, importante, de maneiras que desconheço ainda. Sou lugar, sou caminho, sou luz. Sou sagrado e profano. Sou transcendência. E todas estas coisas devo reconhecer a mim próprio. Sou o mapa da minha própria viagem.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Segredo
O teu silêncio
posso preenchê-lo com o que quiser.
Posso segredar no teu ouvido o que não queres ouvir.
Puxar-te o cabelo até à rendição.
Mesmo assim… Mesmo assim,
Subjugas-me com o sabor do teu sorriso.
Nenhum jogo de palavras nos fará vacilar.
Olhamo-nos e perdemo-nos no que somos.
Não nos deixemos falar.
Beijemo-nos ao som veloz dos pneus no asfalto molhado.
E do dia que vai ficando.
posso preenchê-lo com o que quiser.
Posso segredar no teu ouvido o que não queres ouvir.
Puxar-te o cabelo até à rendição.
Mesmo assim… Mesmo assim,
Subjugas-me com o sabor do teu sorriso.
Nenhum jogo de palavras nos fará vacilar.
Olhamo-nos e perdemo-nos no que somos.
Não nos deixemos falar.
Beijemo-nos ao som veloz dos pneus no asfalto molhado.
E do dia que vai ficando.
domingo, 29 de maio de 2011
Se calhar
Feliz. Triste. Algures entre é onde caminhamos seja com quem for ainda que sozinhos. Valerá a pena falar de vazio? Quer dizer, olhamos para o céu nocturno, não vemos a lua, mas sabemos que está lá algures. Celebramos o silêncio e o vazio deste nosso caminho e as mãos que não damos. No entanto… Quietos assim, tudo parece possível. E se calhar é.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Dança
Técnicas desenho, delineadas estratégias pela carne da alma. Pára sem perguntar porquê, nos entretantos de saltitar de pétala em pétala. A polinização ao rubro no lacre das lágrimas esvaidas pelas linhas das folhas. Aqui não se retém memória, aqui não se deseja o desejo. Se um dia acordar e te vir ser nuvem, dançarei para que chovas sobre mim.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Requiem
Sim, apercebo-me da voz de Nick Drake no teu olhar. E afinal, quando chegaste, não te vi. Passamos um pelo outro como estranhos que de facto somos. Borboleta presa na atmosfera adocicada do Verão, minha cidade nua, meus passos no encalço dos teus. Nem as folhas escritas se atrevem a cair, a ficarem para trás, mais a escrita miúda que carregam. Uma voz, um olhar e a noite. E a seguir a barreira. Sim, pode ser a lua, pode ser a voz, pode ser o som dos passos. Queres saber do que falo? Agora que estás na última página? Tens de comprar o livro. No fim, não sou eu que sou deus. És tu.
Sim, apercebo-me, olhando o vazio. Nada realmente muda. A não ser o rosto da ilusão. Afinal, a moeda não sai de tráz da orelha, apenas parece sair. E continua a parecer sair mesmo depois de sabermos o truque. E acaba-se. Acaba-se mesmo assim por escolher o truque, a ilusão.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Para ti
A tua ausência mel ao sol na ponta do anzol. Sombras, passos distantes... A esfinge vem, semblante de partida para o deserto. Vai assim com o caminhar do sol que a visão periférica nunca deixa vislumbrar. Velha e cansada é teu sonho de ti mesma. Na passagem das horas e no desbravar das duvidas. O espelho nunca te diz que nunca estarás tão bem como agora, sempre. O enigma nunca existiu, logo foi a procura da chave a ilusão. Mas nunca poderás dizer que não aprendeste. E eu contigo. Agora é tarde demais para parar.
terça-feira, 5 de abril de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
De volta
Quem queres tu ser? A musa? Apenas tu me pões na vertigem da poesia. Alimento do olhar reflectido na retina da alma, depois no aperto da bomba vermelha de sangue vivo por ti. Ele nada me diz. Acotovela e dá caneladas para me mostrar que sinto. Não podias antes ocasionalmente segredar o que já sei? Diz-me então sem medo: se o coração é um quarto vazio, porque no escuro reluzente da paixão,sorvemos avidamente a saliva de cada um? As palavras oferecidas, os afiados gemidos pela pele dentro até ao centro da carne. Parimos o amor feito bloco de imaculada mármore e passamos os dias a esculpir as curvas dos passos de volta a ti e a mim. O caminho é largo, mas sentimo-lo como berma da falésia.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Aventura da vida
Longas esperas como sessões
de tortura em salas obscuras e húmidas.
Havia que agarrar algo, uma luz,
uma qualquer distorcida esperança.
Enfim...
de tortura em salas obscuras e húmidas.
Havia que agarrar algo, uma luz,
uma qualquer distorcida esperança.
Enfim...
O momento transformou-se por fim em ouro,
na esquecida alquimia do sentir.
Não me desviarei do meu caminho,
ou trocarei meu brilho interior.
Sim, és agora e sinto a tua carícia,
mas nada me peças em troca.
Quero a inocência inquebrável
de desbravar as sensações, os sentidos.
Neste querer, nada peço.
Dou-me como pão para o esfomeado,
como vinho para o descrente.
Neste querer de me dar,
abraço a aventura de viver.
na esquecida alquimia do sentir.
Não me desviarei do meu caminho,
ou trocarei meu brilho interior.
Sim, és agora e sinto a tua carícia,
mas nada me peças em troca.
Quero a inocência inquebrável
de desbravar as sensações, os sentidos.
Neste querer, nada peço.
Dou-me como pão para o esfomeado,
como vinho para o descrente.
Neste querer de me dar,
abraço a aventura de viver.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Estrada
O que recordo é o momento do renascimento, relâmpago lento de mel, lágrima feliz da nuvem sonhada infância. Caminho de mãos dadas contigo, estrada por benevolentes sons. Algures, sei como sabe o sentir dentro, como o teu olhar diz também. Está um tempo virgem para nós e já lá estamos. Em casa. Na distância, o relâmpago, faz-nos sorrir.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
24.2.11
Temos de fazer disto uma ausência de estrelas. A esperança é o totalitarismo da alma e esta, como o diamante, é um alvo fácil. Fluir no espaço entre uma estrela e outra é ser de facto todo o universo.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Queda
Se corrermos na fina lâmina, puxados por um cão raivoso, o mais certo é cairmos. Em dias indiferentes como este, eventos e coisas apenas parecem estar no seu lugar. Se redenção se espera, não surgirá do sangue da pele esfolada pela queda. É preciso acreditar no momento em que menos se consegue acreditar. E no desejo de não querer acreditar, aguarda-se que a ausência de lucidez, as pausas, os intervalos por fim parem. E tudo volte à normalidade. Seja lá o que isso for.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Simplesmente ser
Aí vem o Sol, senti eu caminhando no veludo azul das nuvens, Sorri por tudo ver ao contrário e tudo parecer direito. Contei histórias a mim mesmo e embalei-me contando-te cabelo a cabelo... E tu sorriste também antes de adormeceres. O teu sussurro levou-o a brisa de Verão. Olha como Sol vem... Viramos o rosto para ele, como se flores fossemos e deixamo-nos simplesmente ser no aquecer.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Até onde?
O amor não se perde nunca. Morre, talvez, mas sua alma vai juntar-se às estrelas iluminadoras dos sonhos dos poetas, dos apaixonados… dos corações quebrados. Quem disse que o amor gerado não é as fagulhas das fogueiras que aquecem os viajantes nocturnos? Das fornalhas das fábricas que moldam o suor dos que nunca sonharão? Ou a sujidade dos mendigos esquecidos, e que também amaram? Quão triste e irónico seria se, depois de ser sentido, depois de ser vivido, o amor se desvanecesse nas lágrimas dos destroçados, ou até na indiferença dos vencedores? Quando não se entende o que aconteceu, que existe então para esquecer? Perguntas destas não se fazem. Tudo o que tem a ver com o sentir, está ligado à capacidade de acreditar, de ter fé. Até onde vai a capacidade de nos darmos? Até onde vai a infinitude?
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Ghosts
Ghosts
remnants of life and affairs.
we build shadows brick by brick
and leave behind the tower
of our own isolation.
This is what we wait for:
not an end or a beginning
but a little chance
to give us direction.
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