Sonhei que tinha sonhado com a minha morte e que a minha morte tinha algo de parecido com imagens de infância, de pinhais banhados por feixes de raios solares e o cheiro a eucalípto, a Verão e o instinto de se saber interiormente que era domingo, por causa do silêncio. Sonhei que de algum modo, ainda andaria por ali a correr e a fantasiar que era um cavaleiro, em cima de um cavalo branco e que a minha princesa não estaria longe, pois o seu canto chegava já aos meus ouvidos. Os arco-iris são coisa da imaginação em dias de sol... Portanto fecho os olhos e troco o calor dos raios de sol no meu rosto, pelo frio das últimas gotas de chuva. O sol amansou-se por trás das nuvens e quando abri os olhos, ele lá estava, num arco mais que perfeito entre o céu e a terra. Porque se escondiam todos os habitantes da floresta à minha passagem? Seria essa a forma deles brincarem? Sim, sonhei com o fim da escrita do livro e que a palavra fim ficou por escrever. De certo modo, nunca somos nós que a escrevemos, mas alguém que fica.
domingo, 28 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Inércia
Que se passa afinal? Foram os braços que perderam a força? Mas a margem ainda está longe. Cada movimento se torna então um acto de fé. Que assim seja. Existe crença suficiente dentro da minha descrença para nadar até ao fim do mundo. E o fim do mundo é coisa da imaginação. Inércia... Uma vez em movimento, tudo à minha volta se movimenta também. E pode ser cor, pode ser dor... Se apenas dentro existe o final feliz, então que seja esse o destino. Uma vez traçado, deixa de ser importante.
domingo, 14 de dezembro de 2008
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
while you were sleeping
We paint an obscure feeling that grows and grows within us, as sweet as a summer sunrise. We have each other, we’re not alone. And our promise lies at the end of the rainbow. Let’s share the distance together, be guardians of each other’s sorrow. We live for the love of love, the love of life and for the never ending faith in the unspeakable warmth of the heart.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Em casa
O que recordo é o momento do renascimento, relâmpago lento de mel, qual lágrima feliz da nuvem sonhada da tua infância. Caminho de mãos dadas contigo na estrada de benevolentes sons. Algures, sei como sabe o sentir dentro de mim, como também o teu olhar me diz que sabe, está um tempo virgem para nós. De algum modo, já lá estamos. Em casa. No horizonte, um relâmpago faz-nos sorrir.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
domingo, 30 de novembro de 2008
Excedentes do tempo
Não estou aqui. Vagueio por excedentes do tempo, corredores laterais, percursos secundários. Este não pensar vai construindo pedra a pedra uma passagem para lugar nenhum. Vou esquecer-me de como cheguei até aqui, alimentar-me de amnésia e libertar a palavra que puxará outra palavra. De um emaranhado de possibilidades que ainda não existe, surgirá esse pseudo-messias que é o encantamento de me saber intimamente aqui.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Lágrima
Há uma imensa tristeza em se estar triste. Como dizia o Sr. Lennon: «É solitário estar-se só». Pensamentos claros e directos, que nada têm a ver com o percurso que uma lágrima pode ter no rosto. E como claros são, nada mais fazem a não ser acentuar aquilo que os originaram. Um ciclo vicioso, ou uma reacção em cadeia, talvez.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
Presença da luz
A escuridão, como doce veludo feito céu de chumbo recusando a entrada ao amanhecer. No solo, as sementes recolhem-se no seu esquecimento de não existir. É preciso imaginar a luz. E imaginando, ser a luz e na inconsciência de ser, varrer toda a cinza do horizonte, deixar o tempo mexer-se. Aí então, essa coisa negra chamada esperança irá brotar do novo solo, numa confirmação exacta da presença da própria luz.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Intimidade
A intimidade de se partilhar o que se é, o que se sente. Nela não cabem medos, inseguranças, sombras. A intimidade é uma manhã de Verão, brisa envolvendo o suor dos corpos, a plenitude das almas, os pequenos nadas, as cumplicidades. A intimidade é como cada segundo fugidio, mas não tem tempo, é linguagem feita doce memória.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Ponderar a ausência
Bem-vindos ao momento de ponderar a ausência. Está-se em cima do monte, sentado, o pôr do sol a exibir-se à frente dos olhos e a dança dentro da cabeça nada mais é do que aquilo que não está lá. Temos de nos colocar para lá do horizonte, pegar fogo com o próprio sol e iluminar a abandonada silhueta em ponderação, os pensamentos engarrafados e atirados ao mar com seus pedidos de socorro dentro. Na melhor das hipóteses, esquecemo-nos, não tanto porque estamos lá, mas que estamos lá.
domingo, 2 de novembro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
S/ título
Don't want to be confortable, just want to feel alive feel the pulse underneath my skin. Memories become used paper ready to recicle. Fuck all those moments that held me back. I want to burn, I want to fall and if you choose to do it with me, we'll pinch each other until it makes blood. Won't cut my nails today or use my brain as a garbage can.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Respirar
Quero o teu respirar dentro de mim.
O teu respirar é uma canção de embalar,
sempre a acelerar, sempre a escapar...
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Rumores
de dores recusadas pelo clamor do instante.
Amor gera auto-destruição
se não se tem cuidado
(e alguma vez se tem?)
Corremos atrás das dores interiores,
atrás dos rumores. Queremos
ver e respirar esperança.
Queremos andar com a vida,
na cegueira assumida de ver.
Amor gera auto-destruição
se não se tem cuidado
(e alguma vez se tem?)
Corremos atrás das dores interiores,
atrás dos rumores. Queremos
ver e respirar esperança.
Queremos andar com a vida,
na cegueira assumida de ver.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Balada da menina ausente
O cabelo dela é assim como uma daquelas aconchegantes memórias de infância. E depois, diz serem pequenos os seus olhos. Olhar fundo, vibrante da noite na planície. Olhar fechado para ver o que quer ver. O vazio. Ela podia ser uma pequena princesa, de pé na berma da falésia, ao vento, a procurar no céu o seu pequeno planeta. E a sua pequena rosa. Cada lágrima devolve um segredo ao mundo. Um rio. E se o seguirmos até à nascente, veremos um coração a chorar. Na planície, a máquina da imaginação plana com imóveis asas de anjo, mas imagina-se sempre com os pés no chão. Um exercício em disciplina. (Se sonha, é porque voa no escuro. Se não sonha, é como fome espiral de um dia a grande velocidade. Devagarinho). E durante todo este tempo ela dormia, bonita e indefesa como uma menina, pois enquanto dormia, podia permitir-se ser o centro da escuridão fervilhante que eram os sonhos. Neles, nenhuma silhueta era vazio e nenhum vazio era meio caminho. Dentro dela, cada planície ondulante de trigo era um constante renovar de um gentil horizonte.
domingo, 28 de setembro de 2008
sábado, 13 de setembro de 2008
O som
Recorda o coração que bate algures na cidade. O seu ritmo dita a cadência dos passos dos amantes, dos sonhadores, dos artistas, dos ninguém que nada mais têm do que o amor para lhes iluminar a vida. Recorda esse batimento debaixo da tua pele, esse apelo, esse grito. Danças sem te moveres, moves-te de olhos fechados, confiando na certeza do caminho, na certeza das direcções, do ritmo. Recorda o adeus, a ferida aberta, o dares-te para sempre ali, naquele instante. Recorda a voz surda, o lamento cego, a infindável mágoa, a inacreditável alegria. Recorda-o sempre dentro de ti, não esqueças nunca aquele dentro de quem amas, de quem amaste. Numa esquina qualquer, num jardim, ele nasce e renasce sem nunca morrer, é inevitável como a vida, vibrante e quente como o sol. Hoje, quando saires para a rua, pára por um pouco e escuta. Sustem a respiração. E sobrepondo-se lentamente à música dissonante da cidade, o teu coração irá reconhecer, livre de qualquer dúvida, o som do amor.
Graffiti fotografado na Travessa do Carregal, no Porto
domingo, 7 de setembro de 2008
Celebração
Ofereceste-me o arco-íris
e eu dei-te o amanhecer.
Entre um e outro regamos
o orvalho de dor e alegria.
Não cheguei a partir
nem tua chegada foi surpresa.
A celebração navega dentro.
Porque não há-de ser essa
a maior das dádivas?
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
domingo, 10 de agosto de 2008
Noutro lado qualquer
pela corrente de ar da tua passagem
torna-se mistério em desertos
um dia tomados como praias.
Feliz nos sucessivos luares primaveris,
contínua recusa da melancolia à espreita.
A escrita faz-se não para a invocar,
A escrita faz-se não para a invocar,
mas para a fintar.
Ela que se canse a procurar-me.
Estarei sempre noutro lado qualquer
à espera da espera por ti.
Sei que virás, por isso escrevo.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Ouro
amanhã... instantes fugidios,
reluzentes como rubis, como esmeraldas,
como o ouro escondido dentro de nós.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Agora
E quem temos de começar
por perdoar é a nós próprios.
Não sei como será amanhã,
ou mesmo mais logo,
mas agora estou bem.
sábado, 12 de julho de 2008
De dentro
Ela ensina que o silêncio vagueia pela noite até reconhecer
o olhar sedento pela sonoridade resplandecente da luz.
Essa voz...Essa luz...secreta, murmura o canto, a pulsação
do mais infinitamente anónimo e insignificante coração.
sábado, 5 de julho de 2008
Acervo
Que faz de mim silêncio nestes tempos de ensurdecedora surdina? E porque ouço a voz surda veladora dos medos antigos? Não há por acaso luz suficiente para tudo varrer? Que é a distância para um raio de luz, afinal? Um segundo? A eternidade? Pudesse dar-te eu aquilo que receias perder e não hesitaria. Já tenho história dentro de mim para me ocupar por uma pequena eternidade. Tenho os meus sonhos, memórias, todos os sons, imagens e músicas de mim para ouvir quando me sentir um pouco só. E quando assim me sinto, por vezes choro, outras vezes escuto a voz do coração, porque ele não fala por silêncio, fala por sentir.
sábado, 28 de junho de 2008
Primeira vez
fica sempre a enevoada espera,
como as esperas no recreio pelo toque do fim do intervalo.
E....Ó espanto! Ele nunca chega. Tudo nos havia sido entregue,
tudo para abrir e descobrir, desta vez pela primeira vez.
terça-feira, 24 de junho de 2008
sábado, 14 de junho de 2008
À procura do último beijo
Não havia maneira de o encontrar. Foi tentando recordar sistematicamente, dia a dia, cada vez mais para trás, sem que o conseguisse encontrar. Fartou-se de pensar, passou horas de olhos fechados em esforçada concentração, folheou páginas de palavras doces, páginas de palavras amargas. Começava já a duvidar se eles tinham mesmo acontecido, aqueles beijos dados e sorvidos como delícias de sentir. Até que, quase por acaso, num papel insignificante, escrito a lápis, ali estava o registo do último beijo dado com amor... Não era fantasia, tinha acontecido mesmo, muitas vezes até. O que aquele tinha de especial era o facto de ser o último. Por uma poeira de instante, foi real, foi agora de novo. Todos tinham sido deliciosos, apaixonados, mas havia dois especiais: o primeiro e o último. E finalmente ali estava o registo do último beijo, como que para validar a memória, como se ajudasse a desbloquear toda a mágoa nublada cobrindo a memória. Pensou no beijo, pensou na noite em que, ainda com o sabor dela na boca, escreveu os eventos desse dia. Ela já ali não estava, mas por entre as lágrimas tiranas e lentas, ele havia finalmente reencontrado um pouco do que perdera.
terça-feira, 10 de junho de 2008
Frágil
Esperança, poderiamos por vezes perguntar o que é isso? Hoje, é como uma caricia no meu rosto. Sinto o devir como algo que faz sentido. Mas é tão frágil e tantas vezes fugidio. Agora é assim, mais logo talvez não seja. É na constância deste sentir que se encontra muita da tranquilidade e mesmo felicidade quotidiana.
domingo, 8 de junho de 2008
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Alquimia
Quero falar de coisas positivas, de vozes amigas, dos espaços azuis entre as nuvens. Quero falar da alquimia do sentir, do ser, dessa espécie de sacerdócio a que nos votamos dia a dia. Quero dizer que acredito, que não existe outro caminho que não seja um caminho de acreditar. Acreditar em mim próprio e no caminho que vou construindo. Neste olhar para mim próprio, que nada tem a ver com espelhos, é um olhar tudo o que me rodeia com a compaixão que a própria vida inspira. Que fazer da inconfessada solidão suada gota a gota pelos poros? Não, por este sentir não gostamos de nos ver. O medo é segurança e a insegurança, matura prudência. Assim, onde está a realidade do que sentimos? Sentimos livremente? Ou sentimos com o peso e receio do passado? Porque preferimos estar num perpétuo choque com a densidade do passado? Que bengala é essa que nos faz caminhar cambaleantes? Quero falar de alquimia. Das possibilidades que somos a cada momento.
Recomeçar
tão silenciosos, verdadeiros arquitectos de medo.
Nem cheiros nem memórias fazem de intervalo,
a não ser olhar em frente e tentar ver o inexistente.
Ou então fechar os olhos sem cair e não ir buscar,
não o que sinto, mas o que sentes.
Recusar a familiar espera e recomeçar
a caminhar.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Afinal
Afinal, o amor aprisiona-nos ou liberta-nos?
Talvez a resposta esteja naquilo
que já existia no nosso coração.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Degrau a degrau
Nada mais, nada menos. Sentir-me mestre de meu coração,
ser tolerante com o coração dos outros. Não é fácil. É difícil.
É uma escadaria que se vai subindo. Degrau a degrau.
Temos de ser responsáveis pela fragilidade do outro,
protegê-la como se fina porcelana fosse.
Temos de estar preparados para crescer.
Não basta eu reconhecer a beleza do teu coração.
Preciso sentir que reconheces beleza no meu.
Mas referi-lo é já perder um pouco.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Innocent bystander
What we see, should it always be beautiful?
Do we see it? Or do we feel it?
Beauty is in the eye of the beholder, they say.
Me, I'm only an innocent bystander,
standing on the railway station,
waiting for a train, but the train never comes,
running down the tracks, but the tracks never end.
Yet I find beauty in the mosts surprising things,
but not when I feel alone,
not when I feel alone.
domingo, 4 de maio de 2008
Pausa
Porque sou o cavaleiro andante que mora no teu livro de aventuras, podes vir chorar no meu peito as mágoas e as desventuras. Sempre que o vento te ralhe e a chuva de maio te molhe, sempre que o teu barco encalhe e a vida passe e não te olhe. Porque sou o cavaleiro andante que o teu velho medo inventou, podes vir chorar no meu peito, pois sabes sempre onde estou, longe de tudo o que é mau. Eu vou estar sempre ao teu lado...
-Carlos T
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Nova ordem
esguia e longa na qual nos sabiamos destinados.
Destino serpenteado nas entranhas do desejo.
O teu presente cintilou dentro de mim.
terça-feira, 29 de abril de 2008
sexta-feira, 25 de abril de 2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
quarta-feira, 16 de abril de 2008
A passagem do Tempo
Que crescemos? Que somos sempre metade dos cruzamentos?
Que a felicidade existe e se manifesta nas coisas mais simples,
quando dela nos esquecemos?
A passagem do tempo ensina-nos que ele passa.
Que o mistério não está no tempo em si,
mas no instante que de repente se eterniza.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Manhã obscura
sábado, 5 de abril de 2008
segunda-feira, 31 de março de 2008
Regresso
Soube-me bem saber-te perto.
A viagem respirou fundo e depois bateu as asas
sem se importar que a noite havia chegado.
Era tempo de sonhar. Era tempo de reencontrar.
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