quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Momento
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Sabias?
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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O sorriso da minha ferida

sábado, 15 de dezembro de 2007
Crescer
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Elogio da fé
Sentimos dentro de nós, pela manifestação da química cerebral, que estamos num estado de apaixonamento, que existe alguém importante para nós, que desejamos… E por isso não necessitamos de prova sobre algo que nos é interior, que sentimos. Mas como acreditamos quando alguém nos declara seu apaixonamento? Acreditamos? Duvidamos? Acreditamos porque precisamos de acreditar? Acreditamos no outro porque nele reconhecemos aquilo que nós próprios sentimos, agora ou no passado? Acreditamos porque temos fé no presente e no futuro?
A fé é a ponte. Não vemos, não apalpamos, no entanto algo dentro de nós diz-nos que é real. Sempre foi assim e ainda que só para mim, não é por isso menos real.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Contorcionismos
na penitência dos doces desejos
de mil cores e sabores.
No tactear das estranhas dobras
encontra-se resolução,
uma força desfalecida dos céus
molhados de felicidade.
Contorcionismos
no serpentear do auto-segredo.
Não há renascer que não se queira.
Escrevem-se as palavras feitas cinza,
e delas eleva-se a beleza estranha de ser.
2
Verde sorrir com aroma de bebé
2
Verde sorrir com aroma de bebé
deriva dos picos das folhas da erva
nas palmas dos pés da recordação.
Verde peito por dentro respira
ar do Verão e revive-se
o beijinho ainda a saber a piscina.
Sorrir aroma dos pinheiros
amanhã irei ser grande
e meu sorrir será maior
e meu sorrir será maior
assim como a proximidade do sentir.
3
Vem, minha irmã,
3
Vem, minha irmã,
voar com as asas
das mais inocentes memórias.
Como cresce um estranhamento interior,
qual fome informe debaixo da pele
a querer sair.
Rezamos esta espera
que é fado do que nascemos.
Não tarda, teremos pernas para correr.
Não tarda, teremos pernas para correr.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Incógnita
na fórmula incógnita dentro.
Amor cresce e definha
perante a surpresa da vida.
Amor cresce fractalmente,
pavoneia-se à cegueira
e depois...
Subverte de novo sua alquimia.
domingo, 25 de novembro de 2007
Sentir
A alma não tem olhos mas vê. Vê certamente com o nosso coração e àquilo que vê, nós chamamos sentir. E o sentir sustenta-nos. Mais do que manter-nos vivos, faz-nos viver.
A morte do dia
O desejo presente projecta a sua sombra
na húmida língua em reclusão, à espera do dia,
do exacto momento do medo da impossibilidade
da capacidade de resposta imediata.
Esse medo vítreo oculto pelas ideias e comportamentos
considerados aceitáveis.
Respirar fundo.
II
Eis o momento aberto à queimadura da pele hesitante.
Por fim repousa nas bordas do dia.
Assim sobe-desce degraus conforme
o uniforme do momento.
Na mais paralizante paisagem se decide, por vezes,
a dor futura, em religiosa felicidade.
O amor é um vazio dolente
aguardando o desperdiçar da vida.
Nenhum vislumbre se avizinha.
É sempre tempo de acabar.
Paisagem
Seara já não existe.
Os ideais ceifados pela imóvel mudança.
A saudade partida ao meio
inunda já os corvos do meio dia.
Das lágrimas caídas da sua ascenção,
brotará um novo horizonte.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Quando para mim olhares

Quando para mim olhares, verás o instante em que aqui estive, alheio à História. Quando para mim olhares, se olhares, talvez reconheças o antiseptico desejo de libertação ou o que quer que isso seja. Há que proceder ao branqueamento do olhar.
«Em todas as questões, não perca muito tempo a pensar.»
Os outros que chafurdem no sublime. Eu quero o despojamento, sem heranças, sem referencias. Quero o novo, quero a utopia, bem dentro desta putrida praia, onde sonhei com a alegre mortificação das hienas, doentes de cultura.
A vontade ergue-se, desmorona-se. Nada dizer. Técnica, sangue, vontade conciliada com nenhuma maneira de fazer. Extraviadas instruções, talvez repudiadas.
E quando para mim olhares... Sim.
domingo, 18 de novembro de 2007
Confronto
Cá nesta Babilónia donde emana
a persistente vibração de luz que devora
os frágeis fugidíos pensamentos a pulsarem
bem dentro do peito,
sem possibilidade de fuga,
despertam os adormecidos corpos
perdidos em sonhos criteriosamente alfabéticos,
ignorantes da futilidade de tudo aquilo.
Eis chegado o instante do confronto
adiado vezes sem conta.
O ajuste de contas surge por trás da porta,
e no jogo brutal, sedutor das sombras,
desfere o golpe auto-inflingido.
Assim se fica possuído pelo esfomeado desejo
de se ser pela morte sodomizado.
a persistente vibração de luz que devora
os frágeis fugidíos pensamentos a pulsarem
bem dentro do peito,
sem possibilidade de fuga,
despertam os adormecidos corpos
perdidos em sonhos criteriosamente alfabéticos,
ignorantes da futilidade de tudo aquilo.
Eis chegado o instante do confronto
adiado vezes sem conta.
O ajuste de contas surge por trás da porta,
e no jogo brutal, sedutor das sombras,
desfere o golpe auto-inflingido.
Assim se fica possuído pelo esfomeado desejo
de se ser pela morte sodomizado.
Assim se ajoelha o penitente,
em profunda negação
da sua descrença.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Transição
.jpg)
para a súbita luminosidade do jardim.
Todos os olhares ainda permanecem
por algum tempo. Ou será talvez a memória?
Os passos dados, logo esquecidos,
por serem dados na suspensão do presente,
são vôo sonhado com asas feitas de pó.
Tudo nada mais é do que transição,
Diálogo entre passado e presente.
O futuro é pura imaginação.
É a luz de estrelas que ainda aqui não chegou.
E no espaço de um pensamento, de um passo,
de uma vida inteira, o verbo principia.
O rodopio da vertigem de vozes
distancia-se enquanto é desfiado
Até à mais pura essencia primordial.
Depois nada se é e um dia nasce-se outra vez
e tudo se repete.
Habita-se o momento contínuo da vida,
respira-se a cor das flores
ou cai-se na consciência da repetição.
Mas nada se repete realmente.
Inquietação
As vésperas. Viver na suspensão marmórea. Progressão incurável e sabe-se o fim. Não qual, mas desconfia-se.
Meus amigos, falar do fim não é necessáriamente falar da morte. Mas a beleza da ideia, por estar para além de qualquer toque, como que roçando a invisibilidade. Referir o que se deseja é anular o desejo. Daí a sobrevalorização do sonho. O sonho serve para realizar coisas, nada mais.
Sei agora
Sei do vento, sei da chuva,
sei do sol. Essa voz
onde a aridêz se detém...
Sei que ser feliz é enquanto
a gota de chuva explode.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Estar aqui

significa o quê, afinal?
A capitulação?
A elevação?
Nada disso. Significa que o tempo passa.
Significa olhar pela janela
e ver as pessoas a passar.
Significa que sentir é agora
e agora tem pouca importância.
Enquanto outros pavoneiam as penas
e gritam longe no bosque,
tu resistes, tu saboreias.
Não, não é temor, é sabor.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
No longer
no longer breeze, water,
footsteps or even words.
What then? What now?
Maybe an idea before the idea,
a soul tattoo, a dawn of time.
Life is full of sadness and surprises.
Sometimes we’re ready, sometimes we’re not,
but happiness is something we crave for a lot.
No longer pain or pleasure alone.
Life is as bright as the sky before dawn.
No longer faith or hope,
no longer me or you, no longer me and you.
And now that everything is said and done,
we will share any kind of moon,
we just wont stare at the sun.
domingo, 4 de novembro de 2007
Distancia
nas noites ignorantes do desejo em forma de cubo.
Minhas seis faces ou seis sentires irradiariam seu sol
sempre breve nas mesas das esplanadas
onde ainda se embala o mar ao longe.
O avião que passa,
o barco que pesado parece na linha do horizonte.
Eles são o romance dos dias,
raiar de possibilidades.
Vou ter de esperar pela noite,
pelo antecipadamente aguardado gesto
que nunca vai chegar
e aceitar a minha vassalagem
às palavras paridas dos pensamentos
indomáveis.
Um dia destes revolto-me
e não te exprimirei.
Definharás dentro de mim.
Serei teu breve cosmos.
Da tua extinção, brotará a flor
da minha pele rasgada, mas grata
pela catarse da doce dor provocada.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Luz cíclica
a dar boas vindas ao mundo.
Uns dias, a luz acaricía,
outros, leva-nos a cerrar os olhos.
O truque não está em caminhar
quando a luz nos acaricia,
mas em sentir a pulsação do mundo
quando a luz nos obriga a fechar os olhos.
Um sabor agradável na boca

quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Reflexos de estimação
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Antes de adormecer
Ela olhava para ele, para a sua gentil perfeição. Sabia-o seu para sempre e respirava a vida tranquila, plena. Imaginava pequenas histórias sussurradas no ouvido dele e deliciava-se quando um sorriso era esboçado. Ela estava feliz e sentia-o, sabia-o, saboreava-o feliz. Por fim adormeceu também, embalada pela lua e pela saciada respiração dele.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Sem título
Minha sombra...Digo eu.
Meu corpo...dizes tu.
Quando sinto que o mundo está ao contrário, escondo-me em ti. Sempre tiveste essa generosidade. E quando de ti me fazes de novo emergir, faço-o com renovado desejo de enfrentar a minha própria criatividade, deixando-a seduzir-me. Aí, tudo é luz e sabes o que isso quer dizer...Penso eu, com um sorriso nos lábios. Andas por perto.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Sintoma
As longas esperas por trás da porta,
com um olho no que se passa para lá da janela.
E é a chuva a estatelar-se nos vidros,
a gerar dentro a aquecida memória
a enrolar-se feita caracol
no qual o pescoço se aconchega.
Jugular é palavra que não ocorre nestes momentos.
Mas às vezes pensa-se, pergunta-se
sobre a razão entretanto esquecida de estar ali.
E podem passar-se anos, vidas até a imagem
se deter, qual suspense de slotmachine.
Tudo é possivel antes de parar.
com um olho no que se passa para lá da janela.
E é a chuva a estatelar-se nos vidros,
a gerar dentro a aquecida memória
a enrolar-se feita caracol
no qual o pescoço se aconchega.
Jugular é palavra que não ocorre nestes momentos.
Mas às vezes pensa-se, pergunta-se
sobre a razão entretanto esquecida de estar ali.
E podem passar-se anos, vidas até a imagem
se deter, qual suspense de slotmachine.
Tudo é possivel antes de parar.
domingo, 7 de outubro de 2007
As árvores vulgares
.jpg)
pode desprender-se o murmúrio
por entre os espaços vazios
das árvores.
E todos os aflitos receios da infância
brotam à flor da pele,
soprados por clarins nocturnos,
escutados à distância,
pelos troncos dos pinheiros.
Eles escondem o balanço dos dias
em sazonais cumplicidades.
Sonhei-as assim, as árvores ausentes,
recordações das manhãs de domingo.
O que já lá não está, mas perdura.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Deêm-me um pouco de amanhã e serei feliz.
Hoje vou sorrir meu melhor e alegre sorriso, contar as estrelas na minha imaginação e dar graças por estar vivo, por viver a felicidade e mágoa do quotidiano. Vive-se com a cabecinha pejada de mitos e frases feitas, aguardamos príncipes e princesas encantadas, procuramos desesperadamente agarrar o momento... Enfim, artifícios para não sermos aquilo que nascemos para ser: nós próprios. Ser a minha própria pessoa...Mas que coisa tão enganadoramente simples de ser. Nestes últimos tempos, tenho ouvido muito a referência ao momento, vamos agarrar o momento, nada mais temos que o momento, o momento é nosso... De que me serve viver unicamente o momento se não tiver uma noção do que será o amanhã? Apenas viverei plenamente o momento, se estiver de algum modo tranquilo em relação ao dia seguinte. Estaremos condenados a não ser felizes? Não, porque temos o momento. Que contradição... Do mesmo modo que, apenas olhando para trás na nossa vida, enquanto vemos talvez fotos da juventude, é que nos apercebemos de todas as possibilidades que se ofereciam à nossa frente. Umas vezes estamos adiantados, outras estamos para trás, mas raras vezes sabemos que a corrida é com nós próprios.
Quem sabe?
.jpg)
coração dormente,
labirinto demente,
mapa na ponta de um alfinete
cravado na minha pele mais sensível.
Para que lado a saída?
Como saber, de olhos fechados?
Andar de um lado para o outro,
sem deixar sarar a ferida.
Coçar a dor, coçar o desamor,
sem nunca encontrar a saída.
Olha, um girassol.
Vou fazer mal-me-quer, bem-me-quer.
Com todas estas pétalas a mais...
Tão amarelas, tão vestais.
Quem sabe a sorte que me poderá bater.
Nova promessa
.jpg)
domingo, 16 de setembro de 2007
Constelações

quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Reflexo
.jpg)
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Manhã clara
Manhã clara...
Despertar enquanto para
o outro lado se olhava.
Os olhos saciaram-se com a luz de mel.
E o jardim afinal resolveu aparecer,
sem mais nem menos,
Com fugachos de sol,
sombreados impressionistas
e tudo.
Seria possível uma paz assim?
Um entendimento assim?
Quando por eles já não se esperava?
Sentir o momento pode acontecer.
Sentir o momento, é o que é.
II
Um novo tempo brotou do lusco-fusco de interiores antigos, quase certezas. A luz, essa aliada esquecida apontou seu fino dedo por entre os poeirentos cortinados, depois dois, três...Logo, logo, cantos há muito não vislumbrados surgiam como flores num dia de primavera. Afinal era assim... Como foi possivel este reino de obscuridade? De aceitação gradual e quotidiana de promessas ficadas por vingar? Agora, na margem deste lago, pleno de vida, de conversas e chamamentos de pássaros, de fisgadas de sol, por entre as árvores, tudo se alinha, tudo faz sentido e não é possível voltar atrás. Um amadurecimento ocorreu, deixando um doce sabor acariciado na pele arrepiada por esta amena atmosfera. Se se aproximassem o suficiente, poder-me-iam ouvir sussurrar: Estou feliz...
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Vôo razante
na noite ausente de estrelas,
porque foram todas ocupar
uma qualquer outra imaginação.
E então, com o vento na cara
e o olhar semi-cerrado,
construo geometrias invisíveis
à volta do teu sonho,
antes de acordares
em sobressalto
porque o avião caiu.
Mas ele não caiu, amor.
Nada mais foi
do que um daqueles sonhos...
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
The best of times

Com eles, passeando de mãos dadas pela praia, serás de novo menina e eles, embaraçados como nunca, irão pousar devagarinho nas palmas das tuas mãos todo o primaveril amor que há dentro deles. Nele pegarás, como se dum gatinho se tratasse e o acariciarás na tua corada face. Depois ele procurará refúgio bem dentro do teu peito, e abraçando teu coração, aguardará teus mil sorrisos, teus mil suspiros.
Naquela praia, à tardinha, já quase a anoitecer, os dois irão vislumbrar, numa sinfonia de cores, o sol a bocejar e lá ao longe deitar-se na cama do mar. No quebra-mar, descalços, os olhos de meus jovens anos olharão com carinho os teus olhos de menina olhando com carinho os meus. Por um instante apenas, como a mais breve estrela cadente, reconheceremos em cada um os velhinhos que iremos ser daqui a uma vida inteira e sim, eles davam beijinhos, entre ternuras e sussurros. Oh, doce brisa dos anos da meninice, como eles estavam felizes...
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
o último poema
do princípio até à madrugada,
enquanto o gordo ar aparta a paisagem
com a crepitação da dança das flores.
O desnudado canapé das árvores
estabelece o ambiente no qual nos movemos,
espirituosos zombies, receosos da escuridão.
Encontramo-nos mutuamente
e perdemo-nos de novo num carrocel mágico
de desesperança.
Mas não deixamos de estar de olhos
no amanhecer.
O efémero mel das palavras
.jpg)
-Dedicado à S.
...Do sentir
Meu deus! O que o faria chorar? E ele responderia que chorava porque sentia, sentia toda a bondade do mundo apoderar-se dele e esvair-se pelo seu renovado olhar. Chorava de compaixão por todo o medo que nas pessoas conseguia adivinhar e tornaram a sua existência um pouquinho mais pesada. Sim, ele esteve um dia, na beira da falésia e vislumbrou o sentimento de todo o mundo e comoveu-se com a realização de afinal estar tudo ali, à mão de semear. Bastava fechar os olhos em rendição e sentir.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Estranho vislumbre II
Hoje, estou de novo aqui. Não exactamente no mesmo sítio, mas noutro que me permite ser espectador do meu passado. Está um anoitecer aconchegante. Deixo-me ficar, observador do ocaso que já lá não está.
Eis o momento aberto à queimadura da pele hesitante. Por fim repousa nas bordas do dia. Assim sobe-desce degraus conforme o uniforme do momento. Na mais paralizante paisagem se decide por vezes a dor futura, em religiosa felicidade. O amor é um vazio dolente aguardando o desperdiçar da vida. Nenhum vislumbre se avizinha. É sempre tempo de acabar. Quimera: deixo cair a cabeça entre os joelhos, abandono-me neste cliché crepuscular. Quero acabar. Sonho continuar.Não existe monte sagrado. Existe o amor e as micro-revoluções interiores, mas até estas acabam por fatigar a idade, esquartejando-se. Não, não existe dia seguinte. A noite seduz, a lucidez torna-se espera. Espera, ideia fintada, espera, habituei-me ao teu labirinto. Sei que dentro deste esvair existe grandeza, portanto, Amor, espera o pé-ante-pé dos dias. Eu aqui fico. Há sempre um último toque redentor. E sempre um novo dia que nasce.
Predominância de azul
encantos e passos de caranguejo,
uma fresca neblina atlântica
invadiu toda a esfera celestial
e o magnífico azul filtrado
pela emocional gaze dos sonhos.
Todo o mundo foi melhor naqueles dias.
Sorvete a derreter-se
no feitiço da beleza sussurrada,
da beleza vislumbrada.
E havia doce certeza em tudo aquilo,
como a certeza sentida
depois de se estar sentado num tapete voador.
O azul, dádiva impregnada com o mel dos dias,
ansiosos dias de deixar a teia de mastros cumprir-se
face ao arrebatado horizonte.
Eles voltarão quando a espera desesperar no azul
de um dia feito carmim. Eles voltarão.
Mas ao voltarem, por entre as lágrimas,
estarão a partir.
Aqui agora
De onde vem esse sabor enigmático? Esse sabor como quem põe roupa do avesso?
E então o queixume ziguezagueia, julgando-se uma qualquer ondinha do rio. As palavras esculpem-se no granito aquecido pelo sol e as migalhas caídas exorcizam as résteas de significado em si contidas. Tudo podia jorrar de perfeição se a brisa da tarde transportasse um pouco de cheiro da erva, mas é o mar o rei e aqui nem mar há. Podia ser uma daquelas cidades mediterrânicas em que nos imaginamos a caminhar devagar com o amor da nossa vida, afinal dentro de um sonho. Mas não haveria desilusão, porque a memória perpetuaria o instante. Sim, apesar de tudo, momentos há em que, como se de uma compaixão se tratasse, sentimos a infindável beleza de estar aqui agora.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Quebra-cabeças
Segue os passos ou liga os números.
A tristeza é uma estação imprecisa.
Não há deslizar das folhas para o chão,
o sol aquece as gotas de chuva,
aquelas unidas no arco-íris cadente.
Mas podes sempre esperar o comboio,
qual inocente testemunha de um crime por acontecer.
São os teus olhos a ditar a suavidade do dia.
Liberta as estrelas.
Sorri, como só uma mulher sabe sorrir,
como se soubesse algo que mais ninguém sabe.
Essência da feminilidade.
E assim também se tempera a delícia de o seres.
Mulher.
2
Um poema é um quebra-cabeças,
cada palavra contraria a anterior
encaixando-se nela.
Um jogo. Cabra-cega.
Sente as minhas mãos, amor.
Elas recriam as palavras na tua pele,
puxam-te para fora da gruta
onde o frio e o escuro alimentavam
teus filmes mentais nos quais as lágrimas
conduziam sempre a finais felizes.
Daí a tristeza.
Ao longe...
Sim, o lamento do comboio.
3
Do you hear?
A whisper... He came back.
And wants you to know he was never far.
There are days such as these, full of bumps,
and suddently, like a birthday gift,
everything is fullfillingness.
He's by your side and whispers
that the light was always within you.
It illuminated him, warmed his face,
gave him back a gentle vision of life.
(Can it be possible?...)
And now he came back to tell you
that tears will be but honey sweetening life,
emotions, the passion of kisses.
Listen... Fragile as a wisper...
Um estranho vislumbre
Um estranho vislumbre, de não estar realmente lá. Os olhos, sim, os olhos. Eles encontram-se, embora fechados em algum tranquilo êxtase. E sentamo-nos na fresca erva de Verão, quase escapando realizar que tudo faz sentido por um momento. A este momento, lidamos com amor e com amor descobrimos a intemporalidade.
Um estranho vislumbre pela vaga brancura da minha memória de ti. A vontade de contemplar para lá dos teus olhos, numa cena de Paixão de luz solar e sombra, numa carícia impressionista da tua esfomeada pele. Sim, está quente em nosso redor. Tudo está como devia estar. Num estranho e simples vislumbre.
II
Nada retenho da assustada madrugada, do desabrigo aconchegado e transversal das fugidias palavras, numa espera quase sensual a desaguar desilusão. E aquelas vidas futuras que ficaram por viver, algures no éter da imaginação, sim, todas elas se vão cumprindo dia a dia, como capítulos de livros da biblioteca do invisível. Está lá tudo, apenas nunca aconteceu.
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